quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

FOI UM RIO (UMA CARIOCA) QUE PASSOU EM MINHA VIDA... (E MEU CORAÇÃO SE DEIXOU LEVAR)

MINHA PRIMEIRA VIAGEM ESTUDANTIL PARA APRESENTAÇÃO DE TRABALHO



Aquela viagem a Minas em novembro de 2005, não só simbolizava minha primeira viagem como universitário, mas minha primeira viagem a uma outra capital, que não fosse Brasília onde resido. Nunca tive condições de viagem devido a situação financeira de meus pais, então aquela para mim seria "a viagem". E também se somou aquilo o fato de estar passando por um momento deprê, e aquela era o momento ideal de sair da fossa.

A Minas Gerais que encontrei naquela chuvosa manhã de sexta feira em novembro de 2005, era bastante gelada, cinza, mal escutava os famosos sotaques como "uai, sô" nas ruas, fui sozinho, nenhum conhecido no ônibus, mas isto fez com que eu conhecesse a garota que mudou meu modo de pensar e que tão fácil entrou em minha vida logo foi embora e nunca mais a vi. Talvez nunca mais a veja, mas que ela saiba que foi importante para mim em todo um caminho que eu segui depois de seu encontro. Seu nome é Adriana Camilo e ela será personagem desta minha história.

ADRIANA CAMILO (COM A FLOR NA MÃO)

A Adriana, era mineira, criada no Rio (se considerava carioca de botafogo), mas que terminou a graduação em psicologia na UnB. Ela ia apresentar oralmente sua tese de trabalho na tarde do dia seguinte e após a apresentação voltaria a brasília onde teria que trabalhar numa ONG num domingo (?). A conheci, porque sentei numa cadeira sem ninguem ao meu lado (todos já haviam seus pares e colegas) e ela como pós graduanda, seria normal sentar com seus pares, mas como não havia vagas e somente uma cadeira estava disponível, ela se sentou ao meu lado e toda a história começou. Como todos que me conhecem sabem, não consegui ficar calado a viagem toda, e sei que não a deixei dormir bem durante a viagem (não porque eu conversava demais, mas devido a minha insonia eu colocava a musica muito alta no fone de ouvido que segundo ela estava alto demais até para ela, rsrs).

Chegamos em Minas amanhecendo debaixo de um frio intenso e garoa leve, fomos hospedados no alojamento do Mineirinho. Haviam quartos semi privativos para no máximo 05 pessoas, e os galpões que Brasília sozinha quase o encheu. Como dormimos até tarde ficamos um grupo para trás para irmos nos credenciar e assim nasceu uma amizade "forte enquanto durou". Com eles fomos conhecer Belo Horizonte na cara e na coragem.

Conhecemos a praça da liberdade com direito a cantar Travessia ao lado da placa com a Letra da música, comemos pão de queijo mineiro feito em Minas, e tomamos suco num copo de vaca holandesa. Fomos a Savassi, vimos ruas da raposa e ruas do galo, paramos um cruzamento de esquinas (como se fosse um clube) e lá tivemos a tarde mais agradável daqueles dias (e um dos mais agradáveis somando todos os outros congressos que participei). Ficamos num bar que tocava rock'n'roll, comendo pasteis, quem podia tomava cerveja e quem não podia tomava seu refrigerante ou suco. E assim a tarde terminou.

ADRIANA, GABRIELA, ROGÉRIO, CLEITON, AKIRA E BRUNO EM UM BAR DE ESQUINA NA SAVASSI (O NOSSO CLUBE DA ESQUINA)

No dia seguinte, era a apresentação de seu trabalho com menores infratores ao qual fui ver. Após terminada sua apresentação, conversávamos em uma lanchonete da UFMG onde lhe disse a tristeza de saber que mal a conheci e já teria que me despedir e então falei da honra de tê-la conhecido em minha primeira viagem. E ela surpresa e feliz se sentiu honrada de ter feito parte de um momento tão especial a mim. E assim nos aprontamos para levá-la ao alojamento para arrumar suas coisas pois já estava se atrasando.

No caminho paramos para comprar livros, e ao fundo escutamos um samba de raiz ser tocado. Era tão de alta qualidade que eu brinquei para ela que o samba mais novo que ali estava sendo tocado era de Paulinho da Viola. Eu já sabia de seu gosto por samba igual ao meu e comecei a sambar ao som de FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA de Paulinhpo da Viola. Ela também não resistiu e mesmo sabendo que não poderia perder tempo me pegou pelas mãos e fomos sambar junto a todos que ali estavam. Onde eu iria me imaginar sambando com uma carioca samba de raiz daquele jeito em Minas? Aproveitei o máximo que pude aqueles momentos com aquela morena, sabia que eram os últimos também.

Foi então que aconteceu uma cena para mim inesquecível, ela me pediu para irmos mesmo estando no auge do show, mas sabia que mais algum momento e ela perderia o avião para Brasília. Minha intenção era de não deixá-la ir, mas nada tinha para a impedir. Fomos embora e estava tocando DESDE QUE O SAMBA É SAMBA de Caetano Veloso. Todos em roda de mãos dadas em volta do grupo, cantando em coro, e nós tendo que ir embora ao por do sol sobre nuvens de um céu nublado rumo ao Mineirão.

PRAÇA DA UFMG ONDE ESTAVA ACONTECENDO A RODA DE SAMBA DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UFMG

Chegando no alojamento, ao esperar ela tomar banho para enfim viajar, surgem três garotas na porta querendo saber se alguém poderia as acompanhar para a festa do congresso que haveria dentro de poucas horas. Eu poderia após deixar a Adriana, mas não naquele instante, então sugeri a um americano da Unicamp que fizesse este favor por mim. O americano tanto fez, como acabou ficando com uma das garotas na festa, se mudou para sua casa durante os dias que ainda restavam de congresso e não precisou mais pagar as diárias ao Mineirinho. Bem e eu...

Após estar pronta a levei ao ponto de ônibus na esquina do Mineirinho com o Mineirão. Enquanto o táxi não chegava conversamos sobre a vida. E então ela me disse que via nos meu olhos que eu não estava feliz e que isso deveria ser mudado. Que se eu quisesse alguma coisa, se eu quisesse viajar (aquela era minha primeira), que para mim fazer mundos e fundos, eu deveria batalhar para isso, batalhar pela minha felicidade. Não me importar com o que os outros diriam. Aquelas palavras como outras que ela falou durante aqueles momentos me fizeram refletir bastante assim como mudar muito minha atitude em muito do que fiz depois daquilo...

Um táxi logo chegou, sem tempo pra mais nada, só nos restou um longo abraço, e um convite para nos vermos assim que chegassemos os dois em Brasília...

Nunca mais a vi, chegamos a trocar emails onde ela me disse estar na Europa, mas depois sua estrada tomou um caminho diferente da minha. Mesmo isto tendo acontecido em 2005 ainda é recente em minhas memórias a ponto de lembrar até detalhes acontecidos nos fatos aqui contados. E se hoje sou o que sou, muito como universitário, mas também como pessoa se deve aquela psicóloga e aqueles momentos que passamos juntos.

BELO HORIZONTE - NOVEMBRO DE 2005

ÚLTIMA FOTO TIRADA COM A ADRIANA NA UFMG (O ESTÁDIO MINEIRÃO AO FUNDO)
Olà Rogério!

Tutto benne?

Menino, que bom receber seu email! Fiquei feliz em
saber que vcs aproveitaram bastante o final de semana,
especialmente depois da conversa que tivemos naquele
ponto de onibus, lembra? Gostei das fotos que vc
enviou e vou adorar receber as outras tb, please,
envie-as p/ mim, ok?

Vai ser meio complicado p/ gente se encontrar por
esses dias, pois neste momento estou na Itàlia, depois
sigo para Alemanha, Bélgica e Holanda e volto apenas
em janeiro! Por enquanto irei mandando noticias e
abraços e quando eu retornar a gente marca alguma
coisa.

Bjs,

Adriana
segunda-feira, 12 de dezembro de 2005 21:00:42

2 comentários:

Arthur Ferreira disse...

Estuedei o Vasco e o Campeonato Carioca... Depois eu publico atendendo o teu pedido.

Conde, o Eu disse...

Viajar é mais q sair de um ponto e chegar em outro, com certeza!

Me fez lembrar das meninas de Rondonia q conheci em Minas! Lembra q te falei. Ow, posso escrever sobre isso no seu blog?