sábado, 21 de fevereiro de 2009

DESCENDO A SERRA... (CEGO PELA SERRAÇÃO)

Eram 06 horas da manhã, acordo sem ter noção de onde estou. Olho ao meu redor e vejo que todos ainda estão dormem. Puxo um pouco a cortina e me impressiono com o que vejo (ou o que não vejo). A neblina estava densa, demais o bastante para não se enxergar um palmo além da janela. Foi então que percebi que já estava no estado do Paraná. Viajando via BR 101. Fiquei maravilhado com a paisagem, era como se estivesse entre nuvens. E o que se via além, era uma vegetação que nunca se verá no cerrado devido ao clima seco. Afinal, pelo menos para mim, dá no mesmo ir para Tocantins ou para Minas Gerais, onde a mesma vegetação de galhos e capim secos, se parecem com o que se vê, digamos, no caminho para Samambaia. É irritante. E pela primeira vez senti prazer em ver mato em uma viagem.




Aos poucos as pessoas foram acordando e todas se encantavam com a beleza que viam além das janelas. Foi então que me veio a cabeça uma música que há muito tempo me chamava a atenção. Chama-se "Descendo a Serra" dos Engenheiros do Havaii. É incrível, tudo se encaixa. Você desce a serra cego pela serração, não se vê muita coisa mesmo, ficando cego pela neblina. Naquele momento, mesmo não estando em Santa Catarina, o que demorou poucas horas para acontecer, me senti grato por conhecer o sul, saber o quanto o Brasil é lindo, e o quanto é importante conhecer seu próprio país.



"E como tem curvas aquela estrada", parece uma serpente morta, ela é toda feita em zig zag, ás vezes fechadas ao extremo, fico pensando no motorista de primeira viagem, na dúvida em prestar atenção na estrada ou na linda paisagem em volta...

"O inferno ficou para trás". Na medida que o ônibus seguia, dava as costas para minhas preocupação. Brasília era para mim, naquele instante, uma coisa muito pequena frente ao que me esperava em Florianópolis. Uma semana no paraíso, isto não tem preço, mesmo que uma semana depois tudo volte a normalidade. Mas como uma "Manézinha da ilha" me disse e guardo estas frases até hoje:
- Para quê pensar na volta agora que chegou? Aproveite!!! - Pois bem, fiz isto e muito bem feito.



Na medida que o ônibus seguia viagem, a neblina se discipava, aos poucos ia diminuindo de intensidade, era descoberta por entre elas as montanhas, colinas,o sol por entre elas, as árvores, os tais 05% de Mata Atlântica que ainda resistem... Foram registradas por mim na retina, por outros em suas máquinas que então não paravam de fotografar.

Confesso que queria compartilhar aqueles momentos com alguem, mas estas pessoas ou estavam em Brasília, ou já tinham seus pares no ônibus, ou como no meu caso estava dormindo ao meu lado (heheh). Fiquei ali admirando aqueles momentos, aquelas cenas com a música dos engenheiros em minha mente...

Florianópolis - julho de 2006

Descendo A Serra

Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger

Tô descendo a serra
Cego pela cerração
Salvo pela imagem
Pela imaginação
De uma bailarina no asfalto
Fazendo curvas sobre patins

Tô descendo a serra
Cego pela neblina
Você nem imagina
Como tem curvas esta estrada
Ela parece uma serpente morta
Às portas do paraíso

O inferno ficou para trás
Com as luzes lá em cima
O céu não seria rima
Nem seria solução
Um dia de cão
Um mês de cães danados
Ordem no caos
Olhos nublados
Um cão anda em círculos
Atrás do próprio rabo


Um dia de cão
Um mês de cães danados
Ordem no caos
Olhos cansados
Não há nada de novo
No ovo da serpente

É sempre a mesma stória
(é tão difícil partir)
É sempre a mesma stória
(é impossível ficar)
É sempre mais difícil dizer adeus
Quando não há nada mais pra se dizer

Um comentário:

Luciano disse...

Ow nossa que linda eh essa Serra da foto eh no Brasil mesmo ? Onde fica esse lugar preciso conhecer :)