Como não tinha noção nenhuma de qual ônibus pegar para chegar ao estádio do Mineirão. Passei a perguntar para todas as pessoas que encontrava na rua onde poderia pegar um ônibus para chegar a Pampulha. Diga-se de passagem, era muito perigoso falar que iria ao jogo do Cruzeiro sabendo da rivalidade com que há com o Atlético Mineiro, nunca se sabe as conseqüências que pode haver cometendo este engano de perguntar isto a um torcedor do galo.
Quando eu chegava a uma parada me indicavam a outra e vice-versa. Até para um vendedor de churrasquinho perguntei onde eu deveria seguir. Foi ele que me informou que eu deveria ir para a esquina da Avenida Rio Grande do Sul com a Olegário qualquer coisa (esqueci o nome, heheh). Mesmo agradecendo sua informação segui a procura de uma parada de ônibus que fosse mais próxima, pois a outra, além de ser distante eu não sabia como chegar lá. E lá fui eu subindo e descendo ladeira, de parada em parada, com informações mais desencontradas ainda.
Depois de passar por duas vezes por um balão (conhecido em Minas como giratório) que dava sentido para tudo que era lugar cheguei a mais uma parada de ônibus onde um senhor já de idade me informou, depois de querer saber se eu queria ir ao jogo do Cruzeiro (no qual lhe respondi que meu destino era a Pampulha), que dali a duas esquinas tinha um ponto de ônibus onde saiam torcedores para o estádio. Sabe onde é que ficava: na Avenida Rio Grande do Sul com a Olegário... Deixa pra lá. Andei tanto que o lugar que eu achava longe já estava próximo de mim. Olhei novamente as horas, eram 15:29.
Praticamente meia hora para começar o jogo e ainda nem no caminho para a partida eu estava. Para não ser mais desobediente fui até essa “famosa” Avenida. E agora além de me preocupar em não chamar a atenção dos torcedores do Atlético Mineiro, pois estava indo ao jogo do Cruzeiro, tinha que me preocupar agora em não chamar a atenção dos torcedores do Cruzeiro, já que sou vascaíno. E para completar as coisas estava com uma camisa preta, mais identificável com o galo, assim como o Vasco da Gama, do que com a raposa. Mas fui salvo por um detalhe: era minha camisa preta do Homem-Aranha. Por ironia do destino eu fui salvo literalmente pelo Homem-Aranha (Dá-lhe Aranha!!!). Que situação!!!
Segui o caminho para a Avenida Rio Grande do Sul e na medida em que eu ia chegando, as ruas iam ficando vazias, as lojas todas de portas fechadas, e as polícias em seus cavalos tomando conta de tudo em volta do quarteirão. Quando eu cheguei à avenida vi o “famoso” cruzamento das esquinas, os ônibus estacionados, a policia revistando quem quisesse entrar no ônibus. Todos com suas camisas azuis e eu com minha camisa preta.
Vendo que a situação poderia ficar “preta” para mim, dei meia volta e voltei pondo tudo a perder. Foi quando vi um senhor com seu filho que aparentava ter 12 anos e com seu radinho de pilha a tira-colo, indo em direção do ônibus. Não pensei duas vezes, voltei novamente para meu destino.
Quando cheguei ao ônibus escuto de um policial para o motorista que o ônibus anterior havia sido apedrejado e que no Mineirão as coisas também não estavam lá muito boas e que era para ele tomar cuidado no trajeto. Quando a noticia ficou de conhecimento de todos no ônibus foi a maior algazarra. O que mais se comentavam é que se ocorressem chuvas de pedras ou o ônibus fosse pego de emboscada era para todo mundo sair batendo no primeiro que visse pela frente, pois eles também não perdoariam quem saísse do ônibus. Disso começaram a narrar historias de incidentes entre torcedores de Cruzeiro e Atlético em partidas anteriores.
Mas por sorte não aconteceu nada do que previam e chegamos ao Mineirão ás 15:57.
CONTINUA