segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CONTANDO MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR ATRAVÉS DA LEGIÃO URBANA (UMA PROPOSTA DE MEMORIAL ESCOLAR)



Em meados dos anos 80, não sabia que a Legião Urbana, como eu, era de Brasília. Para mim a Legião era a banda de umas músicas legais que escutava de vez em quando na rua e que as pessoas gostavam bastante, que tinha um vocalista barbudo que dançava esquisito e que seus shows eram sinônimos de confusão.

Esta era a situação em 1988. Ainda estudava no pré escolar na Escola Classe 22 de Taguatinga (demolida para hoje existir o CEF 14). Certa vez no intervalo escolar, em vez de tocar músicas infantis (que geralmente tocam em intervalos de crianças com média de 06 anos), o filho de uma professora levou um disco e a música que tocou durava quase todo o intervalo, percebia-se que as pessoas gostavam da música e mesmo sendo longa demais a música era cantadado início ao fim. Foi assim que ouvi pela primeira vez FAROESTE CABOCLO da Legião Urbana. Esta música dias depois já era de conhecimento de todos e a minha maior lembrança do período era ver o pessoal da 04° série cantando ela de ponta a ponta no trajeto dos passeios escolares (era às vezes o tempo do trajeto, rs).

Só vim a escutar esta música na íntegra durante uma greve escolar de 1995 na rádio Transamérica e mesmo assim, com todos os "trechos polêmicos" censurados (havi um piii a cada @#$% da música) e na versão do disco música para acampamento de 1992.



Em fevereiro de 1990, fui com meus pais comprar livros didáticos em uma manhã de sábado. Até hoje lembro do nome do livro: Brincando com as palavras 02 (o livro que me alfabetizou). Enquanto estávamos na livraria e papelaria Ritz comprando os livros, uma música começou a tocar na rádio 105 FM. Ela era lenta, mas não era romântica (era até trágica), tinha pegada de guitarra mas não era rock pesado, algo muito diferente de algo que se esperava escutar. Era o primeiro dia de divulgação de PAIS E FILHOS e ali começava o ano mais popular da banda de rock mais popular do país, como também, o início para valer da minha trajetória como estudante.



Na semana que completei 15 anos, em outubro de 1996, estava no banho me arrumando a ir a aula (estava na 08° série), quando ouço do banheiro a tenebrosa música do plantão da globo e nele o anúncio da morte de Renato Russo, dias depois do lançamento de seu disco a Tempestade. O que se seguiu após a isso foi algo comparável ao início daquele ano com a morte dos Mamonas Assassinas. Do ônibus, se escutava músicas da Legião, nas rádios era um especial da banda a cada momento, em grupos de amigos todos se uniam para cantar as músicas e os cds se esgotavam mosntruosamente. E assim começou minha adolescência, como também, se encerrou minha fase de ensino fundamental (antigo 01° grau).

Á medida em que os dias se passavam o fanatismo pela legião aumentava e comecei a fazer minha coleção em vinil da banda. Meu primeiro vinil foi o DOIS que comprei no dia em que fiz a minha inscrição para a primeria fase do PAS em abril de 1997. E em 1999, faltando dois meses para me formar no ensino médio foi anunciado o lançamento do acústico da banda. Todos só conheciam algumas músicas lançadas no Música para Acampamento de 1992 e aguardavam ansiosamento e o resultado foi acima da expectativa, já que era sem edições. Foi meu presente de amigo oculto no último dia de aula do ensino médio.


Quando ingressei na UnB tive a oportunidade de apresentar um trabalho de Desenvolvimento da Personalidade Humana (hoje não me lembro o tema mais), e queria utilizar a música Clarisse da Legião Urbana. Ao apresentar a música ao grupo a música foi vetada porque segundo uma garota do grupoa música além de ter umt ema forte, não se encaixa na realidade das crianças e ela nunca conseguiria ver a filha dela passar por aquilo. Devido a isto a música foi vetada para apresentação. Porém ano seguinte ao ter aula de PPNE e o tema era depressão e assim apresentei o tema que com ressalvas foi aceita. No momento da apresentação da letra realmente algumas coisas fugiram ao contole. Algumas pessoas da sala e do grupo não aguentaram e começaram a chorar por ter conhecido alguem que ja haviam passado por aquilo. Houve um grande debate sobre a letra finalizado pelo depoimento da professora da disciplina Patrícia portadora de deficiência visual que era amiga pessoal de Renato Russo e somou aquilo como homenagem a ela e as pessoas que pasam por esta situação a quem merecem tratamento e cuidado. Nota 10 resultado final e prova que realmente estava certo ao indicar a letra mesmo ela sendo controversa.



Em julho deste ano, estávamos no alojamento da SBPC em Manaus nos conhecendo e estava tendo um lual. Nisso me empolguei e lhes disse que sabia tocar um método próprio de tocar o EMBROMATION criado por mim se baseando nas notas citadas por Renato Russo no cd acústico. As pessoas ficaram curiosas em saber que estilo é este e ao pedir para mim tocar eu só lhes pedi uma coisa em troca: Que no fundo, no fundo, acreditasse que aquilo que estava acabando de ser tocado era HÁ TEMPOS. Comecei a tocar, pela primeira vez toquei sem errar uma nota, e todos cantaram em transe como se Renato estivesse ali entre nós. Ao final, todos me aplaudiram dizendo que eu estava escondendo o ouro e levo aquelas imagens na memória eternamente.



Na primeira grande oportunidade como educador, em abril de 2008, tive a oportundiade de montar uma atividade em um Espaço Cultural. Eram três exposições simultâneas, uma de fotos sobre Brasília, uma instalação sobre Graciliano Ramos e Vidas Secas e um sobre cultura jovem russa. Montei então uma dinâmica final com uma turma que se baseava em contar a história do Brasil através de capas de discos de vinil e que terminava com o a capa do disco QUE PAÍS É ESTE, que fazia uma relação com a exposição e a música FAROESTE CABOCLO e assim fazer uma relação com Brasília, com Fabiano de Vidas secas e os jovens de Brasília. O retorno foi maior que a expectativa que esperava, ao ponto de me deixar emocionado



Agora faltando alguns meses antes de me formar na UnB, assisto uma volta de show único da Legião Urbana na esplanada na cidade de onde ele saiu, prometeu não voltar (e não voltou) e que o público o recebeu de braços abertos. Tudo na vida é um ciclo, contando minha trajetória tendo por base a Legião notei isso. Quando minhas lágrimas cairam durante o show era isso que vinha a mente no momento. Momento de me desprender do passado e estar livre para algo novo, mas sempre utlizando o passado como base para seguir.



Brasília, 21 de setembro de 2009

2 comentários:

Nogueira Júnior disse...

Meu caro Rogério,
Tenho que ser sincero. Durante boa parte de minha infância/adolescência cresci fascinado com aquelas notas disformes e letras pulsantes da Legião. Primeiro grande caso de amor-verdadeiro, certamente, foi com Faroeste Caboclo, até conhecer Teatro dos Vampiros, Há Tempos, Eu Sei, Daniel na Cova dos Leões... O Embromation realmente marcou todos que por aquele quarto do encontro passaram. Foi algo diferente do rotineiro, algo verdadeiramente puro e sincero, como um cordão inseparável de jovens destinados a mudança da ordem. Assim como disseste: marcou, sim. Espero que possamos nos reencontrar um dia e dessa vez serei eu a tocar uma música da Legião ;) Um forte abraço. Fica com Deus. Júnior (Ceará)

Anônimo disse...

Muito legal seus escritos.
Legião eternamente!

bjus

Ana Paula