No primeiro dia após dois meses de greve dos professores, o cenário do câmpus do Plano Piloto da Universidade de Brasília era de muitas salas vazias, raras salas cheias e diversos estudantes nos corredores querendo saber quem teria aulas. Uma ferramenta muito utilizada pelos alunos foi o Twitter, site em que postaram informações sobre os professores que haviam voltado ao trabalho ou não. Os colegas de turma do curso de economia Estevão Pinheiro, 20 anos, e Bruna Mendes, 18, chegaram cedo ao câmpus, mas não tiveram a primeira aula.
Eles aguardaram para ver se teriam outras aulas, mas não encontraram os professores. Os dois acompanharam o andamento da greve pela internet e gostaram do retorno às aulas, embora tenha sido em cima da hora. “Só não acho justo os servidores terem ficado de fora”, ponderou Estevão, que perderá duas semanas de aula em agosto porque já estava com passagem marcada para a Costa do Sauípe, na Bahia. Também por causa da greve, Bruna teve que desmarcar a viagem que faria para Fortaleza (CE) em julho.
“Nós viemos para a universidade, mas hoje não tem aula nenhuma. O departamento só está com dois professores”, lamenta a estudante Bruna Chaves, 19, do curso de serviço social. Na opinião dela, os professores primeiro deveriam criar um calendário e depois anunciar o início das aulas. Para o colega de Bruna, Thiago Meneses, 24, os dois meses de greve foram prejudiciais para os alunos. Ele acredita que a greve foi em vão porque voltaram às aulas, mas ainda não houve decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a manutenção dos salários. “O que vai acontecer se o Supremo entender que os professores não têm direito à URP, vai ter nova greve?”, questiona.
Aluno de engenharia de redes, Adriano Boquady, 19, teve apenas uma aula nesta terça-feira. Ele afirma que o departamento informou que o funcionamento normal será só a partir de segunda-feira. Enquanto isso, alguns professores estão de volta e outros não. “As aulas começarem hoje foi um susto para a maioria dos estudantes, mas quanto antes recomeçar, melhor. Já perdemos muito tempo”, ressalta Adriano.
Ele reclamou que está complicado a universidade funcionar sem os serviços da biblioteca e do restaurante universitário, já que os servidores técnicos-administrativos continuam em greve. Para Adriano, a comunidade inteira da UnB saiu prejudicada com a greve. “Apesar de achar que os professores deveriam se unir aos servidores e não sair antes, entendo a decisão dos docentes porque, com o atraso das aulas, os professores terão que repor o conteúdo e isso vai atrasar ainda mais.”
No câmpus de Ceilândia, não houve aulas porque não se sabia onde estavam as chaves das salas. Elas não estavam no lugar em que costumavam ficar.
Fonte: http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=10560